A taxa de desemprego subiu para 11,6% no trimestre encerrado em julho e atingiu o maior nível já registrado pela série histórica da Pnad Contínua do IBGE, que teve início em janeiro de 2012. Com isso, o desemprego no Brasil é o 7º maior do mundo em termos percentuais, junto com a Itália, segundo ranking global elaborado pela agência de classificação de risco brasileira Austin Rating.
O ranking compara os últimos índices oficiais de 51 países e inclui apenas países que divulgaram dados sobre desemprego referentes a junho ou julho.
Pelo ranking, o desemprego no Brasil só perde para o registrado na África do Sul (26,6%), Espanha (19,9%), Montenegro (17,3%), Jordânia (14,7%), Croácia (13,3%) e Chipre (11,7%).
A taxa de desocupação brasileira supera a da zona do euro (10,1%) e também a de países como Ucrânia (10,3%), Colômbia (8,9%) Rússia (5,3%), China (4%) e México (4%). Veja lista completa mais abaixo.
Segundo o IBGE, a população desocupada no Brasil chegou a 11,8 milhões de pessoas em julho. No acumulado nos 7 primeiros meses de 2016, o país perdeu 623 mil empregos formais. Julho foi o 16º mês seguido de fechamento de vagas com carteira assinada.
“Podemos dizer que há no Brasil um Uruguai inteiro desempregado sem carteira assinada”, afirma o economista-chefe da Austin Ratin, Alex Agostini, citando o total de 1,6 milhão de vagas perdidas em 2015 e a projeção de fechamento de outros 1,8 milhão de postos de trabalho em 2016.
Desemprego deve subir ainda mais
Para o economista, a tendência é que a taxa de desemprego continue a crescer – a Austin projeta uma taxa de 12,5% até dezembro – e que o Brasil suba posições no ranking até o final do ano. “É possível que o Brasil supere a Itália. A tendência é que o desemprego ainda continue crescendo porque a atividade econômica do Brasil ainda não chegou no fundo do poço”, avalia.
Ele destaca que o processo de retomada da economia deverá ser lento e que o mercado de trabalho ainda vai demorar algum tempo para se recuperar e voltar a contratar em razão do elevado nível de ociosidade produzido pelo segundo ano consecutivo de recessão.
“Mesmo que os indicadores de confiança e intenção de investimentos já estejam demonstrando melhora, o processo de contratação de mão de obra só deverá ocorrer na medida em que o nível de utilização da capacidade instalada se recupere e atinja
os níveis observados na primeira metade de 2014. E, muito provavelmente, isso só deve acontecer entre o final de 2017 e início de 2018”, afirma Agostini.
Projeções com base nas estimativas do mercado para o PIB (Produto Interno Bruto), apontam que só a partir de 2021 o Brasil deverá recuperar o nível de estoque de empregos formais do final de 2014, conforme reportagem publicada pelo G1.
Desemprego pelo mundo
Segundo o ranking, a taxa média de desemprego nos 51 paises analiados está em 7,4%. A maior é a da África do Sul (26,6%) e a menor a da Tailândia (1%).
“A África do Sul tem problemas econômicos profundos e teve, mais recentemente, problemas muito parecidos com os do Brasi, inclusive passou por um processo de impeachment (o presidente Jacob Zuma foi absolvido pelo parlamento). Estava crescendo muito anos atrás, mas sem estrutura, o que acabou gerando inflação, desequilíbrio fiscal, aumento da desconfiança e mais desemprego”, explica Agostini.
Do top 10 do ranking, 6 são países da Europa. “Países como Itália e Espanha ainda sofrem as consequências da crise financeira de 2008 e 2009 e passam por um recuperação mais lenta por se tratar de economias mais frágeis do que uma França ou Alemanha”, acrescenta.
Sobre a ausência da Argentina no ranking, o economista explica que os dados oficiais do país vizinho ainda são alvo de questionamentos, uma vez que ainda não foram auditados e que institutos independentes divulgam números diferentes. “Mas com certeza estão muito próximos aos do Brasil”, afirma Agostini.
No último dia 23 de agosto, o instituto oficial de estatísticas da Argentina, em seu primeiro relatório sobre desemprego durante o governo de Mauricio Macri, informou que a taxa de desocupação no pais ficou em 9,3% no segundo trimestre.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que os jovens estão entre os mais atingidos pelo desemprego no mundo. A entidade estima que o índice mundial de desemprego na faixa entre 15 e 24 anos deve atingir 13,1% em 2016, contra 12,9% em 2015, o que corresponderá a um aumento de meio milhão de pessoas. Com isso, o desemprego deve se aproximar do nível recorde batido em 2013, que foi de 13,2%.
Ranking global de desemprego
(Base: Jun-Jul/2016)
1º África do Sul: 26,6% | 26º Suécia: 6,3% | ||
2º Espanha: 19,9% | 27º Alemanha: 6,1% | ||
3º Montenegro: 17,3% | 28º Filipinas: 6,1% | ||
4º Jordânia: 14,7% | 29º Holanda: 6,0% | ||
5º Croácia: 13,3% | 30º Austrália: 5,7% | ||
6º Chipre: 11,7% | 31º República Tcheca: 5,4% | ||
7º Brasil: 11,6% | 32º Rússia: 5,3% | ||
7º Itália: 11,6% | 33º Hungria: 5,1% | ||
8º Eslovênia: 10,8% | 34º Estados Unidos: 4,9% | ||
9º Ucrânia: 10,3% | 35º Noruega: 4,8% | ||
10º França: 9,9% | 36º Israel: 4,7% | ||
11º Eslováquia: 9,4% | 37º Dinamarca: 4,2% | ||
12º Colômbia: 8,9% | 38º China: 4,0% | ||
13º Polônia: 8,6% | 39º Taiwan: 4,0% | ||
14º Marrocos: 8,6% | 40º México: 4,0% | ||
15º Bélgica: 8,5% | 41º Coréia do Sul: 3,5% | ||
16º Irlanda: 8,3% | 42º Hong Kong: 3,4% | ||
17º Bulgária: 8,2% | 43º Malásia: 3,4% | ||
18º Áustria: 8,0% | 44º Suíça: 3,1% | ||
19º Finlândia: 7,8% | 45º Japão: 3,1% | ||
20º Lituânia: 7,8% | 46º Islândia: 2,9% | ||
21º Peru: 7,1% | 47º Quirguistão: 2,3% | ||
22º Canadá: 6,9% | 48º Cingapura: 2,1% | ||
23º Chile: 6,9% | 49º Macau: 1,9% | ||
24º Luxemburgo: 6,4% | 50º Tailândia: 1,0% | ||
25º Romênia: 6,4% |