No mundo da ficção, poucos personagens são tão conhecidos quanto Batman, o super-herói da DC Comics criado por Bill Finger e Bob Gale em 1939. Uma das características mais famosas do personagem é que, ao contrário da grande maioria dos protagonistas dos quadrinhos, ele não possui superpoderes. Batman não tem super força, ele não pode voar, seus olhos não disparam raios. O que o diferencia das pessoas comuns é seu duro treinamento e inteligência e, claro, sua enorme riqueza, que lhe permite comprar os melhores e mais modernos equipamentos de combate ao crime. O alter ego de Batman, Bruce Wayne, é estimado em cerca de US$ 100 bilhões. O que muitas pessoas não sabem, no entanto, é que, como muitos bilionários da vida real, a maior parte desse valor não está em ativos de alta liquidez, mas em ações de sua empresa, a Wayne Enterprises. Esta é uma das maiores fraudes contábeis já cometidas por heróis de quadrinhos. É claro que suas ações pagaram a Bruce Wayne dividendos suficientes e outros ótimos pagamentos para viver confortavelmente. No entanto, suas atividades como vigilante mascarado custam muito dinheiro. O custo anual de manter a Batcaverna, Batmóvel, Batwing e centenas de outros “berloques de morcego” em funcionamento excederá em muito o que Bruce merece como acionista. Nos quadrinhos, para resolver isso, Bruce começa a usar fundos da própria Wayne Enterprises para financiar suas atividades como Batman, usando empresas de fachada para emitir contas frias e justificar o êxodo de recursos da empresa. Em suma, o maior super-herói de todos os tempos construiu uma vasta teia de fraudes contábeis para desviar fundos de sua própria empresa.
No entanto, é importante lembrar que o patrimônio de uma pessoa jurídica não deve ser confundido com o patrimônio pessoal de seus sócios, com base nas premissas contábeis da própria entidade. Assim como um pequeno parceiro de negócios não deve usar dinheiro para pagar aluguel ou mensalidade de uma criança, Bruce Wayne não pode usar os recursos da empresa para pagar suas atividades como segurança. São entidades diferentes, portanto, possuem ativos diferentes. Se Bruce quiser se vestir de morcego e combater o crime, ele só precisa fazer isso com os dividendos a que tem direito, ou até mesmo mão de obra ou participação acionária. Para piorar a situação, é importante lembrar que no mundo dos quadrinhos, enquanto Bruce é o acionista majoritário, a Wayne Enterprises é uma empresa pública que negocia ações na bolsa de valores.
Com Batman tendo que usar fundos da empresa para construir uma nova base no espaço para a Liga da Justiça ou comprar um novo lança-chamas para o Batmóvel, deve haver alguns acionistas que cortaram seus dividendos. Use contas frias e acordos de shell, todos com taxas ausentes. Então, apesar de salvar Gotham City dos criminosos mais cruéis todos os dias, Batman tem alguns crimes contábeis para explicar. Bruce Wayne precisa torcer para que o Coringa ou o Charada não decida se especializar em auditoria, ou ele estará em uma posição muito comprometedora. Brincadeiras à parte, é importante lembrar que o patrimônio de uma empresa não deve ser confundido com o patrimônio de seus proprietários. Esse é um dos principais fundamentos científicos da contabilidade e, além de evitar preconceitos e fraudes, o cumprimento é importante para não prejudicar o caixa de uma empresa. “Portanto, pelo menos no que diz respeito à gestão contábil e patrimonial do seu negócio, não seja igual ao Batman!”
fonte: contabeis.com.br